sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Adriana Calcanhotto - "Do Fundo do Meu Coração"
Adriana Calcanhotto cantando "Do Fundo do Meu Coração" no Especial da Rede Globo "Elas Cantam Roberto Carlos", em homenagem aos 50 anos de carreira do Rei, exibido em 31 de Maio de 2009. Essa vale a pena relembrar!
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Neruda
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
[Pablo Neruda]
quarta-feira, 21 de julho de 2010
O Pequeno Príncipe - "São tão contraditórias as flores!"
“Não deveria tê-la escutado”, confessou-me um dia, “não se deve nunca escutar as flores. Basta olhá-las, aspirar o perfume. A minha perfumava o planeta, mas eu não me contentava com isso. A tal história das garras, que tanto me agastara, devia ter me enternecido...” Confessou-me ainda: “Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela me perfumava, me iluminava... Não devia jamais ter fugido. Deveria ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar.”
[O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry]
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quinta-feira, 24 de junho de 2010
Clarice Lispector - "A Terceira Perna"
Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mais que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que eu nunca tive: apenas duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem querer precisar me procurar.
[Clarice Lispector - A Paixão Segundo G.H.]
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Catherine Feeny - "Mr. Blue"
Catherine Feeny - "Mr. Blue"
Mr. Blue,
I told you that I love you
Please believe me.
Mr. Blue,
I have to go now, darling
Don't be angry.
I know that you're tired
Know that you're sore
and sick and sad for some reason.
So I leave you with a smile
Kiss you on the cheek
and you will call it treason.
That's the way it goes some days
A fever comes at you without a warning
And I can see it in your face
You've been waiting to break
since you woke up this morning.
Mr. Blue,
Don't hold your head so low
That you can't see the sky.
Mr. Blue,
It ain't so long since you were flying high.
Mr. Blue,
I told you that I love you
Please, believe me.
*Da trilha sonora do filme "Correndo Com Tesouras".
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Running With Scissors - "Correndo Com Tesouras"
Baseado nas memórias pessoais de Augusten Burroughs, "Correndo Com Tesouras" fala sobre como viver uma infância nada convencional. A mãe de Augusten (Annette Bening), uma iludida aspirante a poeta, portadora de disfunção bipolar, cujo casamento com o pai de Augusten (Alec Baldwin) está em ruínas, passa a ver um excêntrico terapêuta chamado Dr. Finch (Brian Cox), enquanto deixa Augusten (Joseph Cross) aos cuidados da estranha família de Finch, incluindo sua sádica filha Hope (Gwyneth Paltrow). Abandonado por seus pais e adotado pela família Finch, ele se identifica com a filha mais nova Natalie (Evan Rachel Wood) e apóia a esposa sofrida de Finch, Agnes (Jill Clayburgh). Constantemente relatando os eventos de sua vida em um diário como uma forma de terapia, Augusten se vê em situações como evitar a escola, aprender sobre o amor com um homem mais velho e esquizofrênico (Joseph Fiennes) e tomar grandes decisões aos 15 anos de idade. Adaptado do livro homônimo escrito por Augusten Burroughs e dirigido por Ryan Murphy.
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quarta-feira, 16 de junho de 2010
Running With Scissors - "I Need High Ceilings"
No último domingo, fui surpreendido por estar passando este filme na Globo. De madrugada, claro. Nesses tempos de insônia voluntária e de pés direitos baixos, alguma saudade parece ter feito uma clarabóia dentro de um cômodo que se julgava permanentemente trancado, aqui em mim...
Enfim, depois comento melhor o filme.
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quarta-feira, 2 de junho de 2010
Tiago Bettencourt & Mantha - "Se Cuidas de Mim"
Para continuar a vibe lusitana!
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Eros e Psiquê - Fernando Pessoa
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino -
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Nara Leão - "Soneto" (Programa Radiola na TV Cultura)
Por que me descobriste no abandono?
Com que tortura me arrancaste um beijo?
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono?
Com que mentira abriste meu segredo?
De que romance antigo me roubaste?
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo?
Por que não me deixaste adormecida?
E me indicaste o mar, com que navio?
E me deixaste só, com que saída?
Por que desceste ao meu porão sombrio?
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio?
[Chico Buarque de Hollanda]
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